Divã

Divã – Longa Metragem

Direção: José Alvarenga
Direção deArte: Claudio Domingos
Cenografia: Maíra Aguiar

Prêmios
Grande Premio do Cinema Brasileiro 2010
Ganhou: Melhor Atriz – Lília Cabral

Indicações – 2010
Melhor Filme
Melhor Roteiro Adaptado
Melhor Trilha Sonora
Melhor Edição/Ficção

Crítica do portal Papo de Cinema por Robledo Milani:

Sucesso literário. Fenômeno teatral. Qual o próximo passo? Conquistar os cinemas! E assim completa esta trajetória Divã, longa baseado no romance escrito por Martha Medeiros e que conta com a ótima  Lília Cabral como protagonista, após milhares de livros vendidos, mais de 150 apresentações nos palcos de todo o país e cerca de 175 mil espectadores. Lilia e Martha, portanto, estão bastante tranqüilas neste momento em que chegam à tela grande. E com todo o direito – a impressão que temos é que este texto envolvente e tão inspirada atuação foram destinados ao glamour e ao conforto cinematográfico.

Ao contrário de tantas outras comédias românticas hollywoodianas que semanalmente entram em cartaz sem acrescentar nada ao gênero, Divã possui alguns diferenciais: é um filme tem a habilidade de estabelecer uma comunicação efetiva com o público. Tanto mulheres quanto homens conseguem se identificar com os acontecimentos que compõem a trama.
Com direção segura, leve e muito bem planejada de José Alvarenga Jr., o mesmo de Os Normais, e o roteiro uniforme e engenhoso de Marcelo Saback, também responsável pela versão vista nos teatros,Divã ganha muitos pontos também pelo competente elenco que apresenta.

Lilia Cabral é uma das melhores atrizes brasileiras, geralmente relegada a papéis coadjuvantes na televisão e com poucas participações no cinema (seu último filme havia sido A Partilha, em 2001), e que felizmente encontra aqui uma oportunidade de dar vazão ao seu imenso talento. Ela possui todas as nuances, os medos e as alegrias de um personagem que está longe de ser um estereótipo, pois está muito bem construído e representado.

A amiga, vivida por Alexandra Richter (que também estava nos palcos), mostra bem a familiaridade das duas nestes papéis. Por outro lado, o time masculino não fica também nada a dever. José Mayer, um veterano, está muito à vontade e seguro, enquanto que Reynaldo Gianecchini confirma que a presença frequente que tem tido nos cinemas (nos últimos meses esteve em Entre LençóisSexo com Amor? e Primo Basílio) tem lhe garantido uma naturalidade diferenciada. Por fim, Cauã Reymond, mostra uma tranqüilidade que deixa claro que sua condição está longe de ser a de um principiante.

     

Divã pode ser um grande sucesso de público – o que seria imensamente merecido – ou acabar despercebido. Em qualquer um dos casos, o mais importante é a certeza desta equipe de ter feito o melhor com o que tinham em mãos, entregando à audiência de cinéfilos e curiosos um longa completo, dinâmico e divertido, com muito humor e também momentos sérios e comoventes. Um belo e competente exemplo de cinema nacional feito com dedicação e cuidado, e que merece todo aplauso e reconhecimento – não só da crítica, mas também das bilheterias. Um filme feito com alma, que se comporta muito bem enquanto entretenimento, mas que apresenta elementos suficientes para despertar o interesse daqueles mais dedicados. De sair da sala com sorriso no rosto e feliz com uma mensagem não moralista, mas cheia de significados.

Robledo Milani
C
rítico de cinema, presidente da ACCIRS – Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE – Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.